Paulo Camelo

Poesia é sentimento. O resto é momento.

Textos

Eu quero é dormir na praça
(Mote de Dulce Lima)

Dizem uns que é mais sensato
olhar o mundo que passa
à distância, sem contato,
ou mesmo pela vidraça.
Eu já não ouço essa fala
e não agüento outra sala;
"eu quero é dormir na praça".

Eu me abracei com "Celite",
estava só de cachaça.
Não era labirintite,
pois ressaca logo passa.
Eu passei água na boca
e gritei, numa voz rouca:
"eu quero é dormir na praça"!

Veio lá do oriente
essa peste, essa desgraça,
obrigando toda a gente
a se abrigar, com mordaça.
Eu me defendo, asseguro,
entretanto, eu penso, eu juro:
"eu quero é dormir na praça".

O tal do Coronavírus
nos trouxe a terceira guerra,
entanto, não se ouvem tiros
nos quatro cantos da Terra.
"Eu quero é dormir na praça",
mas, enquanto ele não passa,
ou se resguarda, ou se ferra.

Não me engano co'essa gente,
eles gostam de arruaça.
Eu penso bem diferente:
"eu quero é dormir na praça"
e sentir a natureza
em mim, com toda a beleza.
Não me interessa a desgraça.

04/04/2020
Paulo Camelo
Enviado por Paulo Camelo em 11/05/2020


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